terça-feira, 27 de abril de 2010

Orgulho Hetero

Se tem uma coisa que eu adoro é frequentar balada gay. Não porque eu goste de mulher ou coisa parecida, mas porque é tudo de bom. O som é ótimo, os homens não te enchem o saco, e se você levar uma amiga, ainda pode despistar as garotas fingindo ter namorada.

Semana passada, meu melhor amigo gay, companheiro Nº1 das minhas peripécias, além de amigo de trabalho, fez aniversário. Na hora que estávamos saindo, a filha do meu chefe aparece.
Ela não é legal e, pra ajudar, é a filha do chefe. Daquele tipo que acredita que todo mundo gosta dela porque é uma pessoa bacana. Mas não. Ela é insuportavelmente mala. E como também é autoritária, não teve jeito. Tivemos que carregar ela junto.

E lá fomos nós para a porta da balada gay como sempre, só pelo detalhe de ser a primeira vez com a filha do chefe. Ali eu já saquei que não devia ter ido. Primeiro porque eu ia ter que me comportar e beber pouco (odeio beber pouco, mas odeio mais ter que me comportar). Além do mais, estava com a sensação que a minha avó estava comigo no lugar. Fiquei preocupada o tempo todo, imaginando o que a Mala estava pensando. E isso não se faz, ta? Não é justo! Não na sexta-feira à noite, pós-expediente de trabalho.
Eu devo ter resmungado toda a lista de palavrões que conseguia me lembrar naquele momento, e mesmo assim estava frustradíssima. Tentei de tudo pra não parecer que ela era indesejada, mas estava difícil me controlar.

 O amigo gay, muito do esperto, correu logo da gente e me deixou sozinha com a orca filha do chefe. E ali estava eu, na fila da balada, conversando sobre os processos da agência, o que me deixava feliz ou triste lá e o que eu achava do trabalho dela. Uma conversa bem desgraçada produtiva.

Até que chegou nossa vez de entrar e o grande motivo de eu estar aqui contando a história de sexta-feira.
Pergunto pro segurança: - Quanto é pra entrar hoje?
– 60,00 mulher.
- Esses 60,00 são consumíveis, né?
- Não, senhora.
- Mas já são 3h da manhã. Será que você não pode transformar isso em consumível? Só estou aqui porque é aniversário do meu melhor amigo.
- Não senhora. Hoje a preferência do público é masculina. Portanto, mulher paga mais caro que é pra não vir.

E eu, que já estava com o saco na lua, tentando ser a pessoa mais comportada do mundo, nesse momento, apertei o foda-se social e me rebelei por tudo que estava acontecendo naquela noite, que era pra ter sido a melhor.

- Mas que absurdo isso. Vocês, que trabalham com o público gay que luta por direitos iguais e não gosta de ser julgado pelo sexo, estão sendo preconceituosos comigo, só porque sou mulher. Ser mulher faz eu pagar mais caro porque? Se for só pra homem essa pocilga, então coloca uma faixa na porta dizendo isso. E eu nem gosto desse lugar e tenho que pagar mais caro? Se quiser, eu posso me comportar como homem e te mandar tomar no cu agora ou coço o saco na sua frente.

O segurança não mudou a fisionomia. Era como se eu não fosse ninguém falando. Nisso, chega uma dragqueen. Cumprimenta todo mundo e entra pra aumentar a minha indignação.

- E essa aí? É homem ou é mulher? Aposto que pede pra você chamar ela de Samantha, mas na balada não vai pagar 60 reais de entrada, né? Me explica isso agora, seu, seu.... preconceituoso! HETEROFÓBICO!!!!

Foi então que lembrei que a filha do chefe tava lá e tentei me recompor. E aí ela posicionou como a filha do chefe. Chamou o gerente, descascou o abacaxi dizendo que ela era a fulana de não sei o que, que ia gastar muito mais que 60 reais em bebida e que eles estavam perdendo em não deixar a gente entrar. Virou as costas com o maior orgulho, me puxando e dizendo – Você não vai entrar nesse lugarzinho medíocre. E eu, que lutava com todas as forças pela a igualdade social, crente que sairia de lá uma vitoriosa, fui abatida pela hierarquia e tive que me calar.

E aí fomos embora. Eu e a filha do chefe - porque o meu amigo gay já tinha se livrado dessa há horas atrás. Saí puta, louca, com ódio, mas totalmente mulher e hetero. 

segunda-feira, 15 de março de 2010

A terceira pessoa de um casal


Vou resumir a novela já no primeiro parágrafo: Eu to saindo com um cara há quase seis meses. Mas esse cara tem namorada. Ok, podem jogar pedra em mim, dizer o quanto eu sou burra e estou sendo usada. Mas lembrem-se que eu to começando a história agora e críticas só vão fazer eu desistir de contar.


Beleza, de volta ao ponto. Ele é fofo, tímido e carinhoso. Me olha como se eu fosse a última mulher do mundo e dá sempre um jeito de estar perto de mim. Passa por cima de todos os princípios dele para ficar comigo quando eu quero. Eu sou a primeira pessoa que ele traiu a namorada. E mesmo sabendo que tudo isso é errado, ele não consegue deixar de me ver. Aposto que vocês  estão pensando “ahhh, que bonita essa história!”. Errei, né?

Ta, vou tentar convencer vocês mais um pouco: Já falei que ele é lindo? Gostoso? E que tem uma pegada boa? E que fala que me adora e que eu sou a melhor opção?

Perguntem-se porque não estamos juntos que já tenho essa resposta na ponta do estômago da língua. É que ele e a namorada não são da minha cidade e vieram sozinhos pra cá. E ela é bem dependente e ele tem pena de deixá-la sozinha, entenderam?

Eu conheci ela uma vez e é realmente do tipo "mulherzinha jeca do interior do interior de algum lugar bem longe".  E se ele deixá-la, ela terá que voltar a sua cidade natal, pra lá do fim do mundo, e ele será o responsável pelo desastre da carreira dela (nisso parece que ela é boa).

Acreditaram em tudo isso? Pois é, eu até considerei que talvez pudesse ser verdade, mas olha só que contraditório. Esse texto ta todo errado. Eu to aqui pra falar de mim e do menino que eu to saindo, e não da namorada dele.

Mas dá pra eu falar apenas de mim e dele, se ele já tem namorada? Será que isso é um bom resumo do que é o meu relacionamento? Ou melhor, do relacionamento dele onde eu sou a terceira pessoa do casal?

Caramba, isso é tão óbvio, né? E se é tão óbvio e eu sou uma pessoa tão anárquica com as esquisitices femininas, porque eu continuo insistindo nesse fulaninho? Porque é isso que ele é: um fulaninho qualquer!

Tentei me convencer de que eu só queria sexo mesmo, porque ele era uma pessoa bem interessante nesse quesito. Mas se fosse só isso, o que eu estaria fazendo aqui, escrevendo sobre ele?

Não, não é só isso. Eu gosto dele mais do que deveria ter gostado e agora estou aqui. Presa entre duas realidades: aquela que acontece em segredo e a outra que vivemos na frente de todo mundo.

Merda! Isso é tão injusto. Porque a gente insiste em se boicotar tanto? Tipo, porque não lemos os sinais mais óbvios e fazemos a pergunta certa: PORQUE ELE NÃO ESTÁ COMIGO?

A resposta eu sei. Só não sei porque insisto. Eu me acho melhor que ela, provavelmente. Eu acredito que ele será mais feliz comigo, talvez. Mas isso não importa, não é mesmo? Porque no final das contas, o que é realmente importa é o que ele quer. E isso a gente já descobriu: não é a mim.

Agradeço a vocês, partes de mim mesma, a me ajudarem a chegar nessa óbvia conclusão.

Portanto, a partir de agora, eu vou tentar. Vou tentar esquecer, tentar dizer não, tentar parar de gostar, tentar não me sentir usada e não sofrer tanto quando ele vai embora. 

Eu vou tentar. E daqui a uma semana eu vou deixar de tentar. E seja o que Deus quiser.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O Cupido é Cego






Esses dias, estava lamentando pensando sobre relacionamentos.  Cara, eles são muito injustos. Dificilmente você encontra alguém que não encontrou ninguém ainda, ou um cara que está no mesmo momento que você. A ideia de romance parece estar um pouco fora de orbita pra muita gente.
 
São tantos casos que a gente escuta que só tem uma explicação: o cupido ficou cego. Sério. Vejam só.
 
Em uma era muito, muito distante, que apelidaremos como a “Era uma vez”, existia o tal mundo encantado. Nesse, todos encontravam seu par perfeito porque o cupido fazia o trabalho direitinho. Isso porque ele não deveria estar sobrecarregado. Afinal de contas, qual era a população mundial naquele tempo? Tipo, 10 mulheres? Tinha a tal Branca de Neve, uma fulana conhecida como Bela Adormecida, aquela que casou com um cachorro, acho que era Bela, uma pobretona jeca de nome Cinderela e a cabeluda da Rapunzel. 


Foi bem fácil para o cupido acertar o par perfeito de cada uma, afinal, só tinha filho de rei em tempos de Monarquia. Portanto, em 2 anos, no máximo, estava tudo resolvido.


O cupido, entediado de não ter mais porra nenhuma pra fazer, resolveu viver nos bares enchendo a cara. Afinal, o que mais ia acontecer? Nada. Toda a Era Uma Vez estava feliz. O cara de bunda de fora não precisava trazer amor pra mais ninguém e, então, optou pela vida boêmia. 
 
Ai teve um dia que o tonto do cupido resolveu brigar com um gigante qualquer por causa da tatuagem de coração que ele tinha na nádega direita. Como todo bêbado vira corajoso, o cupidão malandro sacou o arco e flecha e atirou bem na cara do gigante. Só que ele estava tão bêbado, mas tão bêbado, que a flecha foi pra frente, voltou e acertou o cupido nos dois olhos. 

E foi então, que ele virou o Cupido cego, alcoólatra e burro que enxergou a luz.


Frustrado com o ocorrido, ele resolveu se redimir com o mundo pela ausência e, a partir desse dia, começou a fazer tudo errado. Ele sai pelas ruas dando flechadas em qualquer pessoa, sem o menor constrangimento. Audacioso que só, achou que tinha em suas mãos a salvação da paz mundial. Ele só não se tocou que ele não enxergava mais nada.
 
E ai deu nisso. Você gosta de um cara que não gosta de você. Ou gosta de um que já tem namorada. O que gosta de você não serve. Todo mundo se encontra em ritmos diferentes e são raros os casos que se salvam.
 
O príncipe do cavalo branco já está casado e quando você pede um bom príncipe pro cupido, a única coisa que ele acerta é a merda do cavalo. 
 
Todos os homens que ele trás para perto de nós são os casados, divorciados, gays ou do planeta não namore comigo.
 
E eu, depois de descobrir que o cupido é cego alcoólatra e burro, prometi não acreditar mais no amor. Mas o carinha não desiste de tentar consertar tudo que já me fez e, toda vez, me aparece com uma decepção diferente pra tentar se redimir.

Nós


Cansamos do politicamente correto. Assumimos que usamos calcinha bege e tiramos o esmalte com os dentes. 


Não nos depilamos todos os dias e queremos ter a liberdade de falar o que temos vontade, sem perder a boa imagem.